O primeiro ser vivo a visitar o espaço não foi um cosmonauta, e sim
um cachorro. Laika, uma Husky Siberiana, partiu para orbitar a Terra a
bordo do Sputnik II, nave soviética lançada em 1957. Apesar de ter
falecido na aventura, a cadela mostrou que os seres vivos podiam, sim,
aguentar os efeitos da microgravidade.
A pioneira Laika, no entanto, ficou protegida na cápsula espacial. Os
cientistas sempre assumiram que seria impossível um animal sobreviver
exposto diretamente ao espaço. Essa façanha seria obtida apenas 50 anos
depois da aventura de Laika, por um bichinho do qual nem todo mundo
ouviu falar: a Tardigrada.
Na última segunda-feira, a Nasa mandou uma colônia deste pequeno
animalzinho para fora do planeta, afim de estudar como um organismo pode
manter a vida sob tais condições adversas.
“O animal mais resistente do mundo”
Este invejável título informal foi atribuído a Tardigrada não por
acaso: também chamado de “urso d’água”, o bicho semelhante a um
artrópode, cujo tamanho varia entre 0,3 e 0,5 milímetros, é pródigo em
se adaptar a ambientes desfavoráveis.
A Tradigrada suporta temperaturas superiores a 150° C e inferiores a
200° C negativos, pressão equivalente a 6.000 mil vezes a atmosfera
terrestre ou o vácuo absoluto, e radiação até mil vezes superior do que
um ser humano pode receber.
Na Terra, a Tardigrada habita qualquer ambiente úmido em diferentes
graus, desde o fundo dos mares tropicais até a neve no topo das geladas
cordilheiras, a mais de 5.000 metros de altura. Havendo umidade, o
animalzinho se adapta com facilidade ao ambiente. Não havendo, tem a
capacidade de praticamente desligar seus processos biológicos, num
estado de semimorte, mas sobrevive.
E este dispositivo é acionado quando a Tardigrada é exposta ao
espaço. O metabolismo cai a 0,01% da sua intensidade original e a taxa
de água no corpo é diminuída em cem vezes. Para sobreviver, ela se
desidrata quase completamente. Em 2007, uma colônia de Tardigradas foi
exposta ao espaço por dez dias, e todas voltaram vivas para contar a
história: um marco.
A nova missão
O sucesso da sobrevivência das Tardigradas em 2007, em missão
coordenada pela Agência Espacial Europeia, empolgou os cientistas.
Desta vez, é a Nasa que vai levar os “ursos d’água” para um passeio a
bordo da nave Endeavour, que voou pela última vez em 2011.
Em sete diferentes experimentos, os pesquisadores pretendem testar a
adaptabilidade biológica das Tardigradas no espaço, e descobrir mais
precisamente quais são os processos celulares e moleculares envolvidos
nas mudanças que o animal sofre para não morrer.
Embora elas tenham passado apenas dez dias no espaço na missão de
2007, cientistas calculam que uma Tardigrada poderia sobreviver durante
anos sob os rigores de temperatura, pressão e vácuo total que o espaço
oferece. Seria vital, portanto, entender como isso é possível.
Fonte: http://hypescience.com/animal-microscopico-e-mais-resistente-que-super-herois/
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